Entrevista com a Maria Helena Pessôa de Queiroz

Dream on Girl!

Já faz um tempo que eu queria relançar o blog.

Além dos artigos vou entrevistar personalidades inspiradoras sobre os assuntos que mais amamos: Arquétipos, Pinterest, Branding, Marketing, tendências e essência.

Adivinha? A primeira entrevista é com esta mulher incrível: @mariahelenapq, fundadora e diretora criativa da @mhstudios_

Billa para os íntimos, e como eu faço a íntima, precisava saber como tudo isso aconteceu.

Na verdade conheço a Billa desde que ela tinha uns 10 anos de idade.

Passávamos um final de semana na fazenda de uma tia muito querida. Aliás AMO toda a família.

Me lembro de ter visto ali que ela era fora da curva. 

Sentada na piscina, conversava fluidamente sobre todos os assuntos. Fala clara, segura e divertida. 

De lá pra cá, ela se transformou na versão adulta daquela menina, com uma potência empreendedora difícil de se encontrar.  Sem falar no extremo bom gosto e beleza em tudo que cria. Vem conhecer essa mulher inspiradora! Quais são os seus arquétipos? Vejo a Maria Helena como Exploradora cosmopolita criadora nata e amante da estética e do prazer de viver com qualidade.

1. Como foi a decisão de deixar o direito para ser empreendedora? Qual foi por uma motivação central, o desejo imparável que mudou a direção dos planos?

A decisão de sair do direito não foi fácil e nem da noite pro dia. Saí do direito em 2016 e lembro que em 2013 eu trabalhava em um escritório de advocacia e, de repente, me deu quase que um pânico, uma angústia, voltei do trabalho pra casa sentindo que não aguentaria mais, que aquela vida não era para mim e cada dia naquela profissão era menos um dia da vida que eu queria viver (embora eu não soubesse o que faria no lugar do direito). Mas aí, mais uma vez eu deixei todos aqueles tradicionais argumentos me segurarem “você estudou tanto”, “olha o tempo e dinheiro que investiu”, é uma carreira segura, etc.

Naquele mesmo ano eu passei para um LLM em Duke e, apesar de não estar nada animada com o direito, vi aquilo como uma última chance, um respiro, independente de continuar no direito depois eu sabia que seria uma experiência única, e quem sabe me salvaria no lugar de advogada. De fato, foi das melhores experiências da minha vida e hoje muitos produtos da MH levam nome de lugares ruas do campus e cidade, de tanto que me marcou.

Maria Helena Pessôa de Queiroz

Voltei para o Brasil, tensa, mas ao mesmo tempo, esperançosa de que tudo poderia mudar, começo a trabalhar em um grande escritório e logo no primeiro dia eu já sentia a mesma angustia de 2013, isso não poderia ser um bom presságio (na verdade, acho que foi o melhor deles, se olharmos pelo ângulo certo).

O problema era que o Brasil entrava numa crise (2015) e abandonar o direito para me arriscar em algo novo era quase irresponsável, sobretudo porque o direito era minha única fonte de renda. Ainda assim, a vontade que eu tinha era de jogar tudo pro ar, porque aquela infelicidade me fazia mal todo dia, e talvez eu tivesse feito isso não fosse meu ex marido que foi muito enfático no quão irresponsável seria simplesmente abandonar tudo, enquanto eu estava num loop de “preciso sair do direito/preciso sair do direito” e disposta a fazer da forma mais inconsequente financeiramente falando, ele me apresentava a realidade, acho que a mensagem dele era de que eu podia sonhar, mas com os pés no chão, que apesar da infelicidade profissional, eu não poderia ser “mimada” ou infantil para não reconhecer o cenário econômico do momento, maior que tudo.

Claro que não época tudo que eu queria ouvir é “sai, vai ser feliz, depois você descobre o que quer fazer”, mas ouvir o contrário, naquele momento, foi extremamente importante, me fez enxergar que é possível e desejável sonhar, mas importante faze-lo com os pés no chão, você não quer ser inconsequente. Se eu tivesse saído do do direito sem nada em vista talvez não tivesse dinheiro sequer para investir em curso, material para descobrir o que eu de fato queria. Então, aquele “não”, aquele freio momentâneo foi muito importante, me fez amadurecer e hoje guia muito a minha forma de ser, profissional e pessoalmente. Sempre fui sonhadora, atirada, e continuo sendo, mas sem deixar de ser responsável.

Voltando, eu continuei trabalhando como advogada e, paralelamente fui atrás de cursos nas horas vagas, cursos dos temas mais variados. A ideia era fazer tudo que me interessasse e de repente eu descobriria com o que gostaria de trabalhar. Escolhi o que mais me interessava: encadernação. E por sorte me encontrei ali. Entrava no escritório 08:30h, corria para tentar sair por volta de 19:00h, chegava atrasada no curso e dele saía perto de 23:00h.

Passei finais de semana praticando sozinha, demorei quase 4 meses para finamente conseguir fazer o álbum do jeito que eu queria e, depois que uma amiga viu, você já sabe. Comecei a receber encomendas e minha vida virou de cabeça para baixo, eu pouco dormia, já que o trabalho no escritório ocupava toda minha manhã, tarde e noite, então, a hora que eu tinha para costurar folhas etc era depois do trabalho, na hora do meu almoço, nos finais de semana, uma loucura. Eu adorava! Porque sentia que estava evoluindo no meu caminho e pouco ligava pro meu cansaço.

Até que um dia, com um volume grande de pedidos, um ritmo de trabalho insano de ambos os lados (advocacia e com os álbuns), veja só, meu ex marido falou para mim “você precisa sair do escritório”. Segurei mais 2 meses para conseguir juntar mais dois salários, afinal, tinha medo de ficar sem dinheiro, e então sai.

2. O branding da MH STUDIOS é impecável. Como foi o processo de criação da marca? Desde o nome até a identidade visual? Qual foi o maior desafio? Qual foi a maior inspiração?

A MH Studios nasceu como MH Handmade Memories, pois no início eu só fazia os álbuns e não pensava além. Queria poder falar sobre um processo elaborado de criação da marca, mas não seria verdade.

Foi até bem simples e penso que isso se deve muito a minha personalidade: eu sou muito consistente com meu gosto, tenho um estilo muito definido e muito meu, para tudo; e o lado bom disso é que não me distraio com moda, tendências, etc.

Gosto do simples sofisticado eternamente chique, atemporal e acredito que existe hoje tanto excesso que o simples sofisticado virou o maior desafio, as pessoas não sabem faze-lo.

Eu sabia de algumas coisas: eu não sou uma pessoa “fofa”, “romântica” esteticamente falando, então não queria nada que pendesse pro universo feminino, e, como disse, não gosto de modismo, então precisava ter uma aparência navegável pelo tempo; cores e combinações excêntricas de cor estavam fora de cogitação, desenhos.

Seus albúns são todos bordados a mão.


Sobre o nome, eu sabia que não queria colocar meu nome por extenso, acho que muito influenciada por casos de propriedade intelectual que estudei no meu LLM, e se um dia a empresa deixasse de ser minha, eu não poderia usar meu nome ou, pior, correria o risco de ver meu nome atrelado a um negócio que poderia vir a ser mal conduzido, então já cortei meu nome de cara. E assim MH veio fácil. Handmade memories foi uma forma de apresentar do que se tratava meu trabalho, afinal, ninguém conhecia e era muito pouco usual. 

Logo a empresa cresceu, outros produtos entraram e vi que a MH seria muito maior, entraram outros produtos pra além do albúm, mas, mais do que isso, a MH é antes de qualquer coisa sinônimo de criação, de sofisticação, para o que quer que seja, por isso, MH Studios.

3. As suas peças são verdadeiras obras de arte. Qual o maior desafio deste mercado no Brasil? 

Existem diversos desafios, primeiro os inerentes ao empreendedorismo e a tao falada e famigerada burocracia. Tudo é 10x mais difícil no Brasil. Mas não vou ficar falando de burocracia porque disso todo mundo já sabe. Você disse que os nossos produtos são obra de arte, acho que o mais difícil é re-educar o consumidor acerca do trabalho feito artesanalmente.

Ele é mais demorado, ele é mais caro, não tem como não ser, e quando você ainda não tem um “nome”, as pessoas são mais céticas e é preciso ter paciência, acreditar que é um trabalho de formiguinha, diário, que o reconhecimento um dia vai chegar e as pessoas estarão mais abertas para ouvir a sua mensagem. Hoje, felizmente, passados 5 anos desde o nascimento da MH eu já vejo muita mudança no mindset daqueles que procuram a MH.

https://www.mhstudios.com.br

4- Como vê o futuro da MH STUDIOS?  Quais os próximos passos? 

Tem muita coisa para acontecer, tenho um mundo de ideias, mas vejo o futuro da MH da forma como eu venho conduzindo desde o começo: com calma, um passo de cada vez, prefiro lançar menos produtos, mas fazer isso de forma muito bem pensada, programada e com propósito, sem enfiar os pés nas mãos. Eu amo o que eu faço, eu acredito no que eu faço, amo e uso cada um dos produtos da MH e por isso me permito pensar com calma, estudar, fazer as coisas com muito cuidado. 

Quem me conhece, quem trabalha comigo sabe: eu sou muito firme nos meus valores, no que eu acredito, por isso prefiro tomar passos mais cautelosos e ter a tranquilidade de que não flexibilizei aquilo que me é mais importante: ideal/propósito.

5- O que a Billa de hoje falaria para aquela Billa criança na piscina?

 DREAM ON GIRL! Eu não vejo limites e frequentemente me pego dizendo “eu sei que parece ambicioso, mas, eu quero…”, e eu realmente não vejo empecilho nenhum, sei que tenho dentro de mim uma determinação voraz e o que você acha mais difícil conseguir ou ate mesmo impossível, eu vejo apenas como uma questão de tempo. 

Eu sonho, sonho muito, sonho alto e são esses sonhos muito altos que eu acredito que nos levam além, que nos tornam diferentes. Meus sonhos são muito grandes e, com um dos pés no chão, eu vou atrás de todos eles.

Voa Billa! #originalnaorigem

Por Dea Burity

Vamos conversar sobre isso?

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por Dea Burity

Tenho mais de de 20 anos de experiência em arquétipos de marca e em comunicação inspiracional. Ensinando o meu método de arquétipos de marca, já transformei a vida de mais de 2.000 empresárias brasileiras e estrangeiras através das suas marcas apaixonantes.

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